Os cristãos do segundo século se encontravam em uma posição abençoada. Foram a última geração de cristãos que pôde conhecer pessoalmente aquilo que fora transmitido da era apostólica.
Quando falavam sobre a fé histórica, estavam se referindo aquilo que haviam ouvido em pessoa dos apóstolos ou de homens fiéis que foram treinados por eles.
O óbvio seria esperar uma teologia do início do segundo século bem mais complexa do que a que temos hoje, isso por estar tão próxima da época dos apóstolos. A verdade é exatamente o contrário.
Toda teologia considerada essencial pelos cristãos do segundo século pode se resumir em poucas palavras. Muitos cristãos do segundo século dão testemunho da declaração simples da teologia a qual cristãos primitivos abraçaram.
Tertuliano foi um deles, veja o que ele escreveu:
"A regra de fé, de fato, é somente uma, imóvel e imutável. É ela: Crer em um único Deus todo poderoso, o Criador do universo, e em seu Filho Jesus Cristo, nascido da virgem Maria, crucificado por ordem de Pôncio Pilatos, ressurreto dentre os mortos no terceiro dia, recebido nos céus, assentado agora a destra do Pai, destinado a vir julgar vivos e mortos mediante a ressurreição da carne.
Essa declaração de fé contém somente 54 palavras. Pra lhe dar um sinal do quanto o cristianismo mudou desde seus primeiros anos, a Confissão de Westminster, promulgada pelos Puritanos no século 17, contém cerca de 12.079 palavras. De fato, o que fica claro é que quanto mais nos afastamos dos tempos de Cristo, mais dogmas teológicos são acrescentados.
Os apóstolos e discípulos de Jesus reconheciam que a fé já estava completa em seus dias. Por exemplo, antes de 60 d.C, Paulo era capaz de declarar com ousadia: "Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema....Judas exortou os cristãos a "batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.
A ideia que eu tenho olhando para a história da Igreja dos primeiros séculos é a de que não deveria haver necessidade de definições adicionais da fé cristã após os apóstolos...mas o que vemos na história da Igreja, é o contrário disto!
Que possamos voltar a simplicidade do evangelho. Aliás, que os evangelhos de Jesus seja nossa suficiência. Que os ensinamentos de Jesus seja a base, o alicerce para toda explicação do cristianismo.
Nós não fomos chamados para está dentro de um movimento religioso, do ponto de vista institucional, mas para está em Jesus, no Cristo do Deus Vivo!!!
( Uma adaptação do texto do querido David W. Bercot em sua obra: "Que se assentem os teólogos" )
Ricardo Neto