Ticker

16/recent/ticker-posts

Pastores ligados a Trump chegam ao Brasil para iniciar estudos bíblicos no Congresso

A Capitol Ministries, que em português significa “Ministério do Capitólio” — prédio do Congresso dos Estados Unidos — chega ao Brasil com uma visão objetiva: fazer discípulos de Jesus ​​Cristo na arena política em todo o mundo.

Fundada pelo ex-jogador de basquete e pastor Ralph Drollinger na Califórnia, em 1996, a Capitol Ministries tinha como público principal os deputados do Congresso americano. Em 2017, fundou o primeiro grupo de estudos bíblicos na Casa Branca, dedicado a membros do governo de Donald Trump.
Encontro semanal reúne dez membros do alto escalão do governo americano, incluindo o vice-presidente, Mike Pence, e o secretário de Estado, Mike Pompeo. “Nós ficamos longe da política e nos concentramos nos corações dos líderes”, diz o site do ministério.
Desde o ano passado, a Capitol Ministries chegou a cinco países latino-americanos: México, Honduras, Paraguai, Costa Rica e Uruguai. O ministério anunciou que abrirá filiais também na Nicarágua e Panamá.
No Brasil, o lançamento oficial está programado para a segunda quinzena de agosto no Senado Federal, “sem muita badalação, voltado apenas para autoridades” e “com a presença de Drollinger e sua esposa”, como explicou à Agência Pública o pastor da Igreja Batista Vida Nova, Raul José Ferreira Jr., que será o responsável por conduzir os estudos bíblicos no Senado e na Câmara.
O pastor pretende ainda, “se Deus permitir”, conduzir estudos bíblicos na Casa Civil junto ao presidente Jair Bolsonaro e seus ministros.
“Nós estamos realmente trabalhando firme para que possa haver ao menos um encontro do pastor Drollinger com o presidente Bolsonaro agora em agosto, para que a partir daí a gente possa desenvolver um trabalho. Mas, mesmo que o presidente não esteja entre eles, nós vamos tentar construir um trabalho dentro da Casa Civil, junto dos ministros diretamente ligados ao palácio”, disse Ferreira Jr.
Segundo o pastor, o objetivo dos estudos bíblicos é “reconstruir a nação a partir de valores cristãos que são forjados através do estudo da palavra”. O ministério pretende realizar reuniões individuais com parlamentares, especialmente os não convertidos, além de reuniões coletivas semanais. 
“Nossa ideia é chegar a nível de Presidência da República e ministros, primeiro escalão. A gente tem um slogan que é ‘first the firsts’, ou seja, primeiro os primeiros. Através dessas pessoas com relevância a gente pode mudar o destino da nossa nação”, observa o pastor Ferreira Jr.

O pastor Ralph Drollinger e fundador da Capitol Ministries, que realiza estudos bíblicos na Casa Branca. (Foto:  Reprodução/The Intercept)
A Capitol Ministries já conta com o apoio de parlamentares que são membros da Frente Parlamentar Evangélica, como o senador e pastor Zequinha Marinho (PSC-PA), o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) e o deputado e também pastor Roberto de Lucena (PODE-SP).
Capitol Ministries no Brasil
A chegada da Capitol Ministries ao Brasil começou a ser negociada ainda no governo de Michel Temer, em 2017, quando o diretor do ministério no Brasil, o pastor Giovaldo Freitas, da Igreja Batista de Moema acertou detalhes à convite do atual coordenador da Capitol Ministries na América Latina, o peruano Oscar Zamora.
Freitas conta que desde então, várias reuniões aconteceram no Congresso brasileiro e no Itamaraty, além de encontros com o chefe de gabinete de Temer, em maio de 2018, “para decidir algumas coisas” sobre o lançamento no Brasil.
Para o pastor, o governo Bolsonaro é o cenário ideal para a chegada do ministério no país. “Na primeira semana de abril, nos reunimos com o Onyx Lorenzoni [ministro-chefe da Casa Civil], que foi muito receptivo, evangélico do Rio Grande do Sul, foi um tempo muito gostoso. O presidente Bolsonaro estava em Israel, então não pudemos ter contato, mas fomos muito bem recebidos”, comentou.
O pastor Giovaldo destacou que existe distinção entre o trabalho da Capitol Ministries e o da Frente Parlamentar Evangélica: “São coisas diferentes. Nosso objetivo lá dentro não são os evangélicos. Os estudos bíblicos são para quem não tem uma relação com a igreja, com Deus. É de evangelização, caminhar junto, orar. Aí, se porventura alguns reconhecerem Cristo como seu Senhor e salvador, eles poderão vir a fazer parte da FPE [Frente Parlamentar Evangélica]”, disse à Pública. 
Ele informou ainda que os primeiros estudos bíblicos serão conduzidos no gabinete do senador Zequinha Marinho e do deputado Silas Câmara (PRB-AM), pastor da Assembleia de Deus e presidente da Frente Parlamentar Evangélica. Matéria por guiame